O câncer de próstata é uma patologia bastante comum, sendo a segunda causa de óbitos por câncer em homens, apenas superado pelo de pulmão. As taxas de incidência têm aumentado bastante, e são justificadas pela evolução dos métodos diagnósticos, pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida do brasileiro. Acredita-se que anualmente em torno de 45.400 novos casos sejam detectados no nosso país. Na maioria dos casos, o tumor apresenta um crescimento lento, acometendo principalmente homens acima de 50 anos de idade. Esta característica do tumor permite que possamos fazer diagnósticos em fases iniciais e propor tratamentos eficazes, com alto índice de cura.

Quando existe uma história familiar de pai ou irmão com câncer da próstata antes dos 60 anos de idade o risco pode aumentar em 3 a 10 vezes em relação à população em geral. Este fato faz com que parentes de pacientes com câncer de próstata devam realizar mais precocemente a sua avaliação prostática. A influência que a dieta pode exercer sobre a origem do câncer ainda é incerta. Contudo, já está comprovado que uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, derivados da soja e com menos gordura, principalmente as de origem animal, pode diminuir o risco de câncer de próstata.

Alguns estudos sugerem um fator protetor das vitaminas E, selênio e do licopeno, mas novos estudos estão em andamento, sem resultados ainda conclusivos. O tumor de próstata pode ocasionar uma série de sintomas urinários, como o hábito de levantar várias vezes à noite para urinar, jato urinário fraco, dor à micção entre outros. Entretanto doenças benignas também podem gerar tais sintomas. Por outro lado, frequentemente o câncer não produz nenhum sintoma de alerta. Daí a necessidade do homem procurar o seu médico especialista (urologista) pelo ao menos uma vez por ano para realizar o exame preventivo.

O diagnóstico do câncer de próstata é feito pelo exame clínico (toque retal) e pela dosagem do antígeno prostático específico (PSA), que podem sugerir a existência da doença e indicarem a realização de ultra-sonografia pélvica ou transretal. Dependendo destes exames, outras avaliações poderão ser necessárias, e cada caso deverá ser individualizado pelo médico assistente. A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que todos os homens acima de 50 anos façam anualmente o seu check-up de próstata e aqueles homens que têm parentes com a doença ou que sejam da raça negra, devem começar a partir dos 45 anos de idade.

O tratamento do câncer da próstata depende de quão avançada está a patologia. Para a doença localizada, a cirurgia radical e a radioterapia são os métodos de eleição. Para doença que já está fora dos limites da próstata, a radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal são geralmente utilizadas. Quando a doença já está avançada (metástases), o tratamento de eleição é à base de hormônios.

Ao diagnosticar o problema, o médico avalia a extensão da doença e junto com o paciente escolhe o tratamento mais adequado, após discutir riscos e benefícios. Muito tem sido propagado na mídia nos últimos anos acerca do câncer de próstata. Entretanto, mesmo com um número maior de informação sobre tal doença, muitos homens ainda relutam em realizar de forma rotineira o tal “exame da próstata”. Esta postura pode causar danos sérios à saúde masculina, pois se trata de doença plenamente curável, quando diagnosticada precocemente. Acreditamos que o preconceito e a vergonha têm de dar lugar a uma postura pró-ativa em relação à saúde, o bem mais precioso que temos. Não deixe pra depois. Procure um médico e toque neste assunto.

Dr. Júlio Resplande de Araújo Filho – Médico Urologista / UROCENTER – Goiânia (GO)
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Mestre e Doutor em Urologia – UNIFESP (SP).
Fellow em Urologia – University of California – UCSF.